sexta-feira, 29 de maio de 2015

Liberdade Legionária (Por Mircea Eliade)


Há um aspecto do Movimento Legionário que ainda não foi suficiente explorado: a liberdade do indivíduo. Sendo primariamente um movimento espiritual - interessado na criação de um Novo Homem e a salvação de nosso povo - a Legião não pode crescer e não poderia ter amadurecido sem valorizar a liberdade do indivíduo; a liberdade, sobre a qual muitos livros foram escritos, que empilham nas bibliotecas, em defesa da qual muito discursos democráticos têm sido realizados, sem que seja realmente vivida e estimada.


As pessoas que falam de liberdade e se declaram dispostos a morrer por isso são aquelas que acreditam em dogmas materialistas, em fatalidades: classes sociais, guerra de classes, o primado da economia, etc. É estranho, no mínimo, ouvir uma pessoa que não acredita em Deus lutar pela "liberdade", ou aquela que não acredita na primazia do espírito ou na vida após a morte. Tal pessoa, quando falam de boa-fé, mistura "liberdade" com libertarianismo e anarquia. Só se pode falar de liberdade na vida espiritual. Aqueles que negam o espírito em sua primazia, automaticamente caem no determinismo mecanicista (Marxismo) e na irresponsabilidade. 


As pessoas se unem de acordo ou com o hedonismo ou por um destino econômico familiar. Sou camarada de X por que ele é meu parente, ou colega de trabalho, e, portanto, companheiros de pagamento. As conexões entre as pessoas são quase sempre involuntárias, são dados naturais. Eu não posso mudar meu destino familiar. E com relação ao destino econômico, independentemente de quão esforço eu fizer, no máximo, poderia mudar meus companheiros de pagamento - mas sempre me encontrarei, a contragosto, em solidariedade para com certas pessoas que eu não sei se estou ligado pelo fato de ser pobre ou rico.


Há, no entanto, movimentos espirituais em que as pessoas estão ligadas pela liberdade. As pessoas estão livres para aderir essa família espiritual. Nenhuma determinação exterior obriga-os em tornar-se irmãos. Tempos atrás, quando ainda estava se expandindo e convertendo, o Cristianismo era um movimento espiritual em que as pessoas se juntavam por um desejo comum: espiritualizar sua vida e vencer a morte. Ninguém forçava um pagão se tornar um Cristão. Pelo contrário, o Estado, por um lado, e seu instinto de conservação, por outro, inquietamente levantou obstáculos à conversão Cristã.
Mas, mesmo diante de tais obstáculos, a sede de ser livre, de forjar seu próprio destino, de derrotar determinações biológicas e econômicas era muito mais forte. As pessoas se juntavam ao Cristianismo, sabendo que se tornariam pobres do dia para noite, que deixariam suas famílias ainda pagãs para trás, que poderiam ser condenados à prisão perpétua, ou até mesmo enfrentar a morte mais cruel - a morte de um mártir.


Sendo um movimento profundamente. Cristão, justificando sua doutrina no nível espiritual acima de tudo - o legionarismo incentiva e é construído em cima da liberdade. Você adere o legionarismo porque você é livre, porque você decidiu superar os círculos de ferro do determinismo biológico (medo da morte, sofrimento, etc) e do determinismo econômico (medo de ficar desabrigado). O primeiro gesto que um legionário mostrará é nascido de uma liberdade total: ele se atreve a libertar-se da escravidão espiritual, biológica e econômica. Nenhum determinismo pode influenciá-lo. No momento em que ele decide ser livre é o momento em que todos medos e complexos de inferioridade instantaneamente desaparecem. Aquele que entra na Legião veste sempre a camisa da morte. Isso significa que o legionário se sente tão livre que até mesmo a morte não o assusta. Se o legionário nutre um espírito de sacrifício com paixão, e se ele for capaz de fazer sacrifícios - culminando em morte, como Mota e Marin - estes testemunham a liberdade ilimitada que o legionário ganhou. 'Aquele que sabe como morrer nunca será um escravo'. E isso não diz respeito unicamente a escravidão étnica ou política - mas primeiramente, a escravidão espiritual. Se você está pronto para morrer, nenhum medo, fraqueza, ou timidez pode escravizá-lo. Fazer as pazes com a morte é a maior liberdade que um homem pode receber nesta Terra.

 Texto da publicação Romena Iconar, 5 March 1937.

Nenhum comentário:

Postar um comentário