A ciência moderna se orgulha do empirismo, a ideia de que é
preciso experimento e observação como base de suas operações. Muitas vezes, é
difícil perceber o quão isso é verdade, já que a ciência não lida com
observação ou seja, com as coisas que são observáveis, mas precisamente de
coisas que não são observáveis: conceitos, abstrações e forças. No entanto, o
mito da ciência moderna é que ela é racional porque se aproxima das coisas
através do experimento. A realidade é que ela é um empreendimento puramente
racionalista, utilizando como suas unidades de análise teórica princípios e
objetos.
O empirismo é o mais fraco e mais irracional de todas as
formas de conhecimento. A existência do observável pode ser atacada por dois
pontos:
Em primeiro lugar, que a realidade do mundo exterior não
pode ser provada - deve ser tomado com base na fé e somente pela fé. O que nós
estamos cientes são apenas impressões sensoriais, o que em si são redutíveis
apenas para estados psíquicos, em outras palavras, tudo o que podemos conhecer
são estados de nossa própria mente. Chamar isso de "impressões sensoriais
do mundo exterior" não provam a existência de coisas fora de nossa mente. Portanto,
o empirismo se limita apenas a estados mentais, e não a observações do mundo
exterior. Os dados provenientes dos sentidos não provam a existência do mundo
exterior, somente prova que nossos sentidos registram certos sons e cores.
Isso também sugere uma outra crítica comum, a da
fenomenologia de observação. Todas observações tem um contexto, e por
conseguinte, é condicionado por este contexto. As coisas que tomamos como
importante ou significativas pode ser ditada pelos nossos estados mentais, que
está nos dando pressão social ou normas básicas (e inconscientes) culturais e
sociais.
Em segundo lugar, que o objeto em si não está presente em
qualquer forma metafísica defensável. O que está presente são forças e energia,
a energia de tipo elétrico ou magnético, embora isso até mesmo implique em um
posterior substrato não-material. Os observáveis são imediatamente reduzidos a
partículas de força; forças que somente seus efeitos podem ser sentidos. Se eu
sou um empirista e vejo uma árvore, o que eu vejo só existe em minha mente: são
meus sentidos que fizeram aparecer o marrom e o verde das forças elementares da
árvore, as energias que são interpretadas por minha mente como cores ou
texturas. Quando vejo um objeto e chamo de "coisa", estou me
comportando arbitrariamente - chamando o objeto de "único", quando na
verdade qualquer objeto imediatamente observável na natureza é uma coleção de
milhões de pulsos de forças e energias, em verdade milhões de coisas ao invés
de uma única coisa.
O empirismo não é empirismo em tudo - é uma abordagem
arbitrária ao mundo que toma as interpretações do mundo exterior como prova de
sua existência, ainda que essa existência só exista por fé ou pior, por
utilidade - sabemos que algo é verdadeiro porque "funciona", o que
normalmente significa que ele pode ser transformado em algum lucro. Mas isso
está muito longe das reivindicações da ciência moderna.
O empirismo somente conhece estados internos, psíquicos e
nada mais. Não é uma forma de conhecimento, e conduz uma abordagem extremamente
superficial do mundo, justificado apenas pela base mais utilitarista. Portanto,
até mesmo a energia em si, que afeta o que sentimos em cores, etc deve ser
ainda mais reduzida, uma vez que, em alguns casos, nós podemos ver e tocar nas
forças e energias, e senti-las trabalhando em nós mesmos de inúmeras maneiras.
Por conseguinte, deve-se manter a doutrina das essências, ou forças elementares
que não podem ser vistas ou ouvidas, ou sentidas de qualquer forma, pois, se
fosse possível ser sentidas, elas cairiam nos problemas a ou b mencionados.
Todos os observáveis devem ser reduzidos aquilo que não pode ser observado, a
fim de dar sentido a eles. Platão estava correto a este respeito, assim como
Agostinho, Espinosa, Skovoroda e Russell. A verdadeira natureza e fundamento da
realidade é, portanto, espiritual. Qualquer outra coisa cai sob contradição, um
ponto levantado por Fichte e Hegel.
Solovyov, em sua IV Palestra sobre Divina Humanidade,
sustenta que essas forças são basicamente monádicas, atuando como energias elementares
além das forças observáveis. Elas são imutáveis e são a fonte de todo o ser -
além do espaço e tempo. Elas existem como entidades elementares que, por
definição, não podem ser vistas ou ouvidas, mas sabemos quais são seus efeitos
sempre que sentimos qualquer coisa. Trata-se de outra interpretação das formas
Platônicas, ou essências espirituais de todas as coisas existentes.
Para Espinosa, o conceito de numerosas categorias de formas
era excessivo, e que o ser fundamental era o próprio Ser, não observável, não
energia, mas Deus. Identificar o Deus no sentido de Espinosa com
"natureza" é o máximo de vulgaridade - o establishment acadêmico
moderno detém precisamente aquilo que querem acreditar, eles querem justificar
o materialismo e, portanto, interpretar a história da filosofia como uma longa
marcha para vulgaridade moderna e suas próprias carreiras. Espinosa não era um
panteísta, mas um platônico que detinha, em primeiro lugar, que o Ser é
não-observável, fora do espaço e tempo, e o início de todo o Ser, seu domínio e
seu fundamento. Não era ser, mas Ser, e, portanto, a combinação de todas formas
platônicas que Espinosa chamou de Substância.
Espinosa considerou que o Ser era imanente nas coisas, mas
isso não é diferente de Solovyov. Imanetizar as formas não é cair no
Aristotelismo ou outra forma de empirismo, mas simplesmente fazer uma economia
mais limpa da metafísica. Onde está Deus? Acima? Claro que não. Deus é imanente
em Sua criação, embora não idêntico a ela, os modos são manifestações da Substância
e não idêntico as Substâncias, eles são apenas aparências. Deus existe aqui
mesmo em nós, mas em uma dimensão da realidade fora do espaço e tempo, além da
capacidade dos sentidos de todos, menos dos ascetas mais puros e algumas
crianças (como uma nota aparte, eu acredito, assim como Dostoievski, que as
crianças, devido à sua inocência, foram dadas o dom de ver além do que existe
no espaço e tempo, e que muitas das crianças vivem pelo menos parcialmente no
Éden).
O ponto é, se estamos lidando com Espinosa ou Skovoroda,
estamos lidando com o melhor da metafísica, uma vez que estamos lidando com uma
Substância singular, que faz o sentido das formas platônicas. De certa forma, o
"limite" de Filiebo de Platão é, de fato, os atributos e modos de Espinosa,
enquanto o Ilimitado, é a substância, o substrato imaterial de ambos Espinosa e
Skovoroda. É aquilo que deve existir para explicar qualquer Ser. É a fundação
de todas as ciências.
O Logos é a interligação de forças que não são materiais,
mas, pela natureza da realidade, são puramente espirituais. A matéria é o mito
do homem moderno, o Deus dos evolucionistas, que sustentam que a matéria é
eterna e capaz de produzir todas as cosias, inclusive o próprio Deus. Segundo a
mitologia evolucionista, a matéria é deus, eterna e sempre presente, capaz de
produzir qualquer coisa, tudo a partir de si mesmo, todo-poderoso. Isso está na
raiz do gnosticismo contemporâneo, da maçonaria e da ciência moderna - que deus
é matéria morta, e matéria morta pode dar a vida.
Não se pode provar a existência da matéria - ela existe
porque as forças externas à pessoa são interpretadas pelos sentidos como tendo
solidez, textura, etc mas toda essa solidez não existe, apenas existe um
redemoinho constante de elétrons. Tudo é energia, mas essa energia em si deriva
de uma causa não material, uma vez que a energia, na medida em que pode ser
sentida, também é apenas uma questão de interpretação de nossos estados
internos. Toda realidade deve ser espírito e imutável, a matéria é apenas o
estado psíquico do observador. Qualquer outra coisa que não seja espírito só
existe na mente, e, portanto, a matéria não pode ser comprovada. No máximo,
podemos dizer como Skovoroda, que a matéria é, em verdade, a mera qualidade de
aparecer.
As ideias de Platão e a Substância de Espinosa existem
porque não há provas que da realidade obtidos pelos dados dos sentidos,
portanto, o verdadeiro ser deve existir fora das impressões sensoriais do
"mundo exterior", e, portanto, são de natureza espiritual, existindo fora
do espaço e tempo. O que sabemos ser real é a energia, mas a própria energia,
na medida em que faz nossos estados interiores dos sentidos, deve também ser
ainda mais reduzida. Pode ser reduzida apenas para aquilo que não pode ser
visto, as ideias, ou forças elementais, aquilo que está por trás das próprias
forças e energias, e que as animam. Solovyov afirma que, uma vez que os dados
obtidos pelos sentidos são múltiplos, tem-se que as formas que os criaram
também devem ser assim. Esta é uma afirmação razoável, mas Espinosa parece ser
mais econômico ao considerar que a força além da força se manifesta em
diferentes maneiras, das quais algumas podemos ter conhecimento, ou seja,
aquelas relativas aos modos de pensamento e extensão.
A compreensão histórica do asceticismo foi aquela de
permitir ao asceta ver além dos dois modos da Substância de Espinosa (extensão
e pensamento), as duas únicas dimensões de existência abertas a vida normal dos
sentidos, derivando da Substância não-sensorial. Mas o asceticismo, no processo
de limpeza e no afiar dos sentidos, se livrando dos desligamentos da vida
adulta - maus hábitos e orgulho - abre novos horizontes, novos elementos do
Logos/Substância que existem, assim que os santos e as crianças conseguem ver
coisas que pessoas ordinárias não podem. Em minha opinião, os "amigos
imaginários" das crianças pequenas são substâncias angélicas que só podem
ser vistas pelos inocentes, explicado por adultos alienados que só podem ver o
que existe para seu benefício e aquilo que apoia seu ego. Foram esses adultos
que criaram nossas ciências filosóficas modernas.
A substância é a existência infinita, como o Logos é, e,
portanto, o potencial de forças existindo ao mesmo tempo são igualmente
infinitas. O que está disponível para o homem médio é apenas os sentidos e a
razão - o que está disponível para o asceta e as crianças é uma variedade das
dimensões da realidade além daquelas; os primórdios da plenitude da compreensão
quando todos os elementos infinitos são relevados aos que foram chamados para
serem perfeitos. Mas, mesmo no céu, o reino da forma (que é a infinita
dimensionalidade deste mundo), toda infinidade não é revelada, e o processo de
aprofundamento do nosso conhecimento da realidade continua após a morte, com
ajuda do Logos cuja infinidade é expressada. Tenha em mente que essas forças,
ou modos de Espinosa, não são abstrações: elas são inerentes ao sensível e são
as causas da aparência do sensível à consciência. Em outras palavras, o
empirista abstrai e o conceito abstrato significa menos e menos assim que os
traços são sistematicamente removidos. Aqui, estamos lidando com um processo
diferente - uma vez que a força é inerente à coisa, e não é uma abstração, mas
uma coisa espiritual (cf. Solovyov, Palestra V, 59, onde ele discorda
Espinosa).
No entanto, Solovyov, em sua Quarta Palestra parece chegar
muito próximo a ideia de Substancia de Espinosa quando ele escreve "... a
relação essencial entre ideias é semelhante a relação lógico-formal entre
diferentes conceitos. Em ambos casos, há uma relação de maior ou menor
generalidade da amplitude. Se as ideias de várias entidades se relacionam com a
ideia de uma única entidade como conceitos específicos se relacionam ao
conceito genérico, esta última entidade abrange todas as outras; ela os contém
em si. Diferentes entre si [Solovyov aqui está falando de formas/forças], elas
são iguais em relação ao conceito genérico que é o seu centro comum e que
igualmente preenche elas com sua ideia." (Palestra IV, 53).
Esta não é apenas uma abordagem básica a Substância de
Espinosa (que também existe fora do tempo e espaço), mas é uma excelente
exposição da doutrina do Logos usando uma linguagem lógica moderna. Solovyov
continua, "Essa aparece como um complexo organismo de entidades. Vários
desses organismos encontram seu centro em outra entidade com uma ideia ainda
mais geral, ou mais ampla, e, assim, torna-se partes ou órgãos, de um novo
organismo de uma ordem superior, que responde ou cobre a si mesmo com todos os
organismos inferiores relativos a ele. Assim, gradualmente ascendendo, nós
chegamos na ideia mais geral e mais ampla, que deve, interiormente, cobrir a si
mesmo com todas outras. Essa é a ideia da bondade absoluta, ou mais
precisamente, o amor absoluto" (ibid). Essa é a doutrina do Logos,
considerada cientificamente. Ciência, mecanismo e materialismo, se consistente,
deve dar lugar ao Logos, ou a Ideia (por assim dizer) por trás das forças que,
por sua vez, compõe nosso universo sensorial em sua relativa irrealidade.
Por isso, como Solovyov diz na Palestra V, há três coisas
que a metafísica não pode ignorar se quiser fazer sentido em si mesma: a força,
a representação que ela cria em nossa mente, e a Ideia que todas as forças
fazem, o Logos, o centro de todas as forças suprassensíveis e o movimento e o
conteúdo de todas as forças, em última instância. Assim como Solovyov usa
"força", e Platão usa "forma", os modos de Espinosa são
duas formas sob as quais a energia pode ser concebida pela o ser pensante
médio. Existe pensamento e extensão e somente esses dois, que são as únicas
formas pelas quais a Substância se revela para aqueles que ainda não estão no
caminho ascético.
Elas são coleções das "forças" de Solovyov, mas
reduzidos a sua singularidade, modos genéricos de pensamento e extensão.
Naturalmente, a substância é a mais elevada de todas as entidades, e é
semelhante à doutrina do Logos e é provável que isto tenha removido Espinosa de
sua sinagoga em Amsterdam. Espinosa diria que Aristóteles foi arbitrário quando
assumiu os observáveis como possuindo essência, uma vez que, para além das
objeções acima, os objetos são interligados em sistemas irredutíveis de energia
e força, portanto, a natureza do cosmos é um sistema de sistemas, um sistema de
forças que deve ter uma fundação super-sensível. Tomar um observável isolado e
fazer dele sujeito de uma essência é arbitrário por esta razão e assim se cai
na mesma armadilha como os empiristas mais radicais e reducionistas acima.
Assim, para ser consistente, há apenas uma única substância, que contém todos
os sistemas em conjunto, essa é energia, e o substrato dessa energia é o Logos.
A Substância é energia rarefeita (por assim dizer) e essa energia deve ter uma
fonte, uma que detém todos os sistemas irredutíveis em um sistema mais amplo e
mais inclusivo. O Logos é o substrato dessa energia. Mas mesmo essa deve ter
uma fonte, eternamente concebida.
Só pode haver um Deus, uma única fonte de energia, ou seja,
o Logos, que é o substrato de criação de forças (que é expresso em modos).
Espinosa argumenta que, se há duas substâncias, elas podem não ter nada em
comum. Uma substância é "aquilo que em si é concebida por si mesmo.".
Ou seja, de nada depende, o que está implícito em qualquer definição de Ser
(como tal). Não há compreensão de Deus sem o entendimento da distinção entre um
objeto que é expresso através de alguma coisa, e um objeto que tem sua
existência por si. Isto significa, portanto, que a essência envolve
necessariamente existência, isto é, o conceito de um ser existindo através de
si, em vez de a partir de outro. Se isso for verdade, então só pode haver uma
única substância, o próprio Deus, Aquele que está além de toda energia e é a
fonte dela. O Logos é esse substrato, essa energia, passando a existir fora do
tempo, eternamente com o Pai.
Uma única substância pode existir, e Espinosa argumenta
dessa forma: Todas as coisas que existem, existem a partir de uma causa. Essa
razão ou causa deve estar dentro da natureza da coisa ou fora dela. Aquilo que
tem sua existência a partir de si mesmo deve necessariamente ser eterno e
incriado. Não há nenhuma causa que pode trazer isso, uma vez que ela é a sua
própria causa. Então Deus existe necessariamente. Só pode haver Um, já que
múltiplas substâncias (que existe por si mesmo) é uma contradição. Mas deve
existir um ser como Deus uma vez que a Realidade é composta de pensamentos e
objetos sensíveis que concordam com os sensíveis (ou seja, os atributos no
sentido de Espinosa), esses são os dois modos, eles mesmos a criação da energia
final, Substância. Esta substância é o que constitui o objeto de mudança dos
sistemas, seu movimento e a causa do movimento. Um corpo não é Deus, Deus não é
um corpo, mas o corpo é a solidificação de luz/energia com o Logos como sua
fonte raiz.
Tanto Espinosa como Solovyov estão de acordo em vários pontos:
primeiro, que a realidade última, o Amor supremo não é um corpo, está além do
espaço e tempo, mas é a unidade espiritual que produz nosso mundo sensível.
Este mundo sensível não é o mundo real, mas é relativo às forças que derivam da
Substância Última. Embora Espinosa não tenha dado a esse amor uma
personalidade, a doutrina do Logos sustenta que é o próprio Cristo, o próprio
pensamento do Pai. Estou interpretando Espinosa aqui mantendo três construções
da realidade em Solovyov: a representação, o sensível, a força, os modos, e a
Substância, ou a unidade final de todos modos, a fonte de toda expressão - o
centro espiritual do mundo que não é um corpo e está além do espaço e tempo.
Espinosa não reduz tudo ao Um numa ontologia, mas apenas em
causa. Solovyov escreve: "Segue-se diretamente que há uma conexão interna
entre todas entidades, em virtude da qual o sistema de entidades é um organismo
de ideias" (Palestra V, 57). Este organismo é o que Espinosa entende por
Substância. Mas Solovyov vai mais longe, e mantem que a personalidade - a
vontade e o amor - é um atributo necessário da Substância, a unidade de todas
ideias. O argumento é o seguinte: a substância, ou o Logos, que gera todas as
forças na natureza, é auto-suficiente - ela contém todas as forças e todo o
ser. Isso faz a Substância diferente ontologicamente, mas também
subjetivamente. Solovyov escreve: "Quer dizer, ela deve possuir uma
realidade separada de sua própria, ser um centro independente para si mesmo, e,
consequentemente, deve possuir auto-consciência e personalidade. Pois, se as
ideias diferissem apenas objetivamente, por suas qualidades cognoscíveis, mas
não fossem auto-diferenciadas em seu próprio ser, elas só seriam representações
para o outro e não seres reais.... Assim o portador de uma ideia, ou a ideia
como um sujeito, deve ser uma pessoa. Os dois termos, a pessoa e a ideia, são
correlativos como sujeitos e objetos e necessariamente exige um ao outro para a
plenitude de sua respectiva atividade." (Palestra V, 64).
Colocando de forma diferente, pode-se imaginar, como
Solovyov faz, uma personalidade sem uma ideia, uma perda inútil. Mas igualmente
mal é uma ideia sem uma personalidade, uma vez que seria o mal oposto, uma
força inerte, conteúdo sem veículo, sem vontade. Por isso, as forças que agem
na natureza, em algum nível, devem possuir personalidades, e essa ideia
metafísica ajuda a explicar por que as civilizações pelo mundo inteiro
acreditam em anjos, ou a ideia de forças naturais, elementos do poder do Logos,
como possuidoras de personalidades, vontade, amor, etc. Deus está vivo pela
mesma razão que um sujeito precisa de um objeto, como a ideia precisa de uma
vontade. Vontade sem uma ideia é uma força cega, ideia sem uma vontade é inerte
e estagnada, irreal.
Solovyov quer remover o erro de um cosmo simplesmente
idealizado como Platão ou Espinosa fez. Tal universo, "tem um caráter
especulativo e artístico, um que é exclusivamente contemplativo, não
ativo". Tal princípio divino não tem nada a ver com a vontade neste caso,
e, portanto, é basicamente inútil. Mas se as formas tivessem uma vontade,
estivessem unificadas no Logos, o Filho, uma pessoal real, então, se sustenta
que a vontade subjetiva de uma pessoa humana, relativamente inútil e sem força,
deve ter o Logos como seu substituto. O Logos não é apenas um ser, uma pessoa,
mas uma coleção de todas forças, todas que compõem o universo. O Logos é tanto
pessoa como um conceito, homem e Deus, Logos e uma determinação específica humana
(Palestra V, 67). Portanto, a Trindade deve existir, e o logos deve ser duas
entidades.
É assim porque o conceito da divindade aqui é aquele do
Todo, ou de todas as forças da natureza, assim como um homem determinado,
Jesus. Ao mesmo tempo, se pode ter um Todo, como o Logos é, mas o Todo deve ter
uma fonte, qualquer sistema, a fim de fazer sentido, deve ter uma fonte
singular, isto é, o Pai, para além de todos tempos e rótulos, está além da
Substância de Espinosa. Em outras palavras, em toda realidade criada, o número
três domina. Primeiro, existe a forma, em seguida, o conteúdo determinado, a
matéria. Estes dois correspondem ao Pai e o Filho. O Espírito corresponde à
unidade atualizada, o todo, os dois juntos. Mas todas as coisas na natureza são
deste tipo: existe uma forma, a própria força, e a matéria, o que ela cria e a
sua finalidade. A terceira é a plenitude, o todo como um todo, o Todo
atualizado no mundo.
Assim, a trindade, quando considerada de forma racional e
cientificamente, é o resultado líquido da rejeição da ingenuidade dos
empiristas. Objetos no espaço e no tempo podem ser reduzidos a forças, e estas
forças devem estar fora do espaço e do tempo. Essas forças são, coletivamente
falando, a expressão do Logos, o conteúdo e a manifestação da mente do Pai.
Assim é porque o sistema de forças é por si mesmo irredutível, o sistema deve
existir antes das partes (por assim dizer). Assim, o Logos existe antes dos
séculos. Espinosa é útil em conceituar isso, mas ele nunca foi além da doutrina
do Logos, e nunca considerou o que poderia explicar a Substância.
Texto traduzido de uma palestra por Matthew Raphael Johnson na Universidade Mount St. Mary em 2006 original aqui http://reasonradionetwork.com/20060318/the-logos-and-metaphysics-a-lecture-on-solovyov-empiricism-and-spinoza-2006
Texto traduzido de uma palestra por Matthew Raphael Johnson na Universidade Mount St. Mary em 2006 original aqui http://reasonradionetwork.com/20060318/the-logos-and-metaphysics-a-lecture-on-solovyov-empiricism-and-spinoza-2006
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